tigrinho baixar aplicativo Povo de terreiro do RS, maior do país, reclama de abandono pelo poder público após chuvas
"Acreditem vocês ou não, não sei se vocês têm religião, mas tive uma visão. Veio para mim muita água, muito suja. Vi meu terreiro todo tapado por ela. Falei para meu marido: ‘Vamos agoratigrinho baixar aplicativo, vai acontecer alguma coisa’", diz a ialorixá Beatriz Gonçalves, 63, conhecida em Porto Alegre como Mãe Bia de Yemanjá.
Planeta em TranseNo dia da visão, no final de abril do ano passado, Mãe Bia levantou todos os objetos do seu terreiro e da sua casa —que fica no fundo do terreiro, como é tradicional no Rio Grande do Sul— por causa das chuvas. Moradora da Ilha da Pintada desde o nascimento, perto do rio Jacuí, adaptou-se a enchentes.
tigrinho fortune"A água não vai subir mais que 70 centímetros", lembra ter pensado. Mas chegou ao nível do seu peito e ela precisou lutar contra a correnteza.

A essa altura, o babalorixá Valmir Martins, conhecido como Baba Diba de Yemanjá, presidente do Conselho do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul, observava que a chuva estava "diferente". Dois dias antes, diz, ele havia sonhado que o fundo de sua casa, que fica em um morro, era um oceano.
"A chuva causou uma inquietação, e a gente começou a ver os resultados. A primeira coisa que me ocorreu foi: ‘E o nosso povo?’. Os terreiros são todos em periferia e em zona de risco, porque é o que sobrou para nós", diz.
Jogo do FortuneO Rio Grande do Sul é o estado com a maior concentração de terreiros de religiões de matriz africana do Brasil, segundo o Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o mais recente para esse dado. Conforme o Censo de 2022, o estado é a segunda unidade da federação com menor população autodeclarada preta ou parda (20%).
O Conselho do Povo de Terreiro afirma que o estado abriga cerca de 65 mil centros religiosos afro-brasileiros —25 mil deles em Porto Alegre.
jogo do ceará hoje resultadoDestes, ao menos 650 foram atingidos diretamente pelas inundações que ocorreram entre abril e maio no Sul, segundo levantamento feito pelo conselho em parceria com o Nega (Núcleo de Estudos Geografia e Ambiente) e com o Uniafro, ambos da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Os terreiros afetados, porém, não receberam qualquer recurso específico do poder público para sua reconstrução até o momento da publicação desta reportagem.
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"Arriscamos a ter mais terreiros no Rio Grande do Sul do que na Bahia, mas isso não aparece", diz Mãe Bia, ao afirmar que o estado é "extremamente racista". "Não há interesse em ajudar o povo de terreiro. Por quê?É do negro, vem do negro, 'não vamos fazer para essa negrada'", avalia.
O governo estadual afirma que atuou junto com o conselho e disponibilizou veículos, assessoria técnica e recursos humanos para que os conselheiros chegassem aos terreiros atingidos, além de enviar gás, água potável e cestas básicas às comunidades.
"Também foram realizadas visitas de técnicos das secretarias de Habitação, da Saúde e do Desenvolvimento Social às casas", diz a nota, que ressalta os benefícios e recursos cedidos a toda a população, como o Devolve ICMS, programa que entrega de volta parte ou todo o imposto pago por famílias de menor renda.
Os terreiros são todos em periferia e em zona de risco, porque é o que sobrou para nós

Mãe Bia conseguiu salvar a maior parte dos orixás quando correu para o terreiro e os colocou em caixas de isopor, mas o espaço ficou cerca de 20 dias coberto por água, e ela perdeu todo o restante que tinha, de móveis às roupas brancas usadas em rituais.
Hoje não mora mais na casa de madeira atrás do terreirotigrinho baixar aplicativo, que teve a estrutura afetada, e ainda não conseguiu retomar as giras (reuniões espirituais).