m.pgsoft-games.com tiger Opinião - Sabrina Abreu : Como Israel, criado sob ideais socialistas, virou alvo de ódio da esquerda

[RESUMO] Autora comenta que, embora Israel receba hoje duras críticas da esquerdam.pgsoft-games.com tiger, seu surgimento foi ancorado em grupos e valores desse espectro político. Essa mudança de perspectiva, argumenta o texto, reflete a deturpação de uma cadeia complexa de fatos, resultado de impasses da Guerra Fria, de uma nova roupagem do marxismo, que via no sionismo uma forma de colonização, e de preconceitos arraigados contra judeus.

Israel nasceu sob o domínio da esquerda, ancorado pelo pensamento e prática do Mapai, partido social democrata sionista trabalhista, e pelo movimento dos kibutzim (comunidades agrícolas coletivas), aos quais estavam ligados os políticos das décadas iniciais do Estado.

Naquela época, míticos primeiros-ministros e pais da nação, como David Ben-Gurion e Golda Meir, mantinham um estilo de vida extremamente simples, e os kibutzim representavam a materialização radical do ideal socialista. Não só a terra, o arado e as armas, mas até as roupas do corpo pertenciam a todos.

A despeito do papel indissociável da esquerda na criação de Israel, é entre partidários desse espectro político mundo afora que estão os maiores críticos ou odiadores declarados do país.

Oficial israelense hasteia a bandeira pela primeira vez durante a celebração do nascimento do país, em 8 de junho de 1948 
Oficial israelense hasteia a bandeira pela primeira vez durante a celebração do nascimento do país, em 8 de junho de 1948 - -/AFP jogo do tigre fortune tiger

O evento-gatilho dessa aversão foi a Guerra dos Seis Dias, em 1967, com a acachapante vitória israelense sobre Egito, Síria e Jordânia, incluindo a conquista dos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, onde vive a maioria dos palestinos.

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Como consequência dos Acordos de Oslo, de 1993, a recém-criada Autoridade Nacional Palestina (AP) passou a governar, em 1995, a quase totalidade dessa população, tanto na Cisjordânia quanto na Faixa de Gaza. Em 2005, Israel se retirou unilateralmente do enclave palestino, que passou a ser controlado pelo Hamas, o qual, dois anos depois, expulsou violentamente os representantes da AP.

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Portanto, os atritos com parcela significativa da esquerda não começaram com o governo atual de Benjamin Netanyahu e seu gabinete que inclui extremistas nacionalistas, nem, voltando um pouco no tempo, com a vitória de Menachem Begin, o primeiro político de direita a ocupar a cadeira de primeiro-ministro israelense, em 1977, inaugurando a ascensão do partido Likud.

Na verdade, uma confluência de fatores —a vitória em 1967, a transformação de Israel em potência militar, a divisão ideológica da Guerra Fria, a mudança no conceito de quem são os oprimidos e os opressores do mundo, catalisada em Maio de 1968— ajudou a sedimentar o posicionamento sobre o qual hoje pouco se reflete, como se fosse simplesmente o default ou um kit básico da esquerda.

Ao lado da defesa do direito das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, de quaisquer outros grupos ou minorias vulneráveis (exceto a judaica) e da preocupação com a emergência climática, há o ódio a Israel.

Não foi sempre assim. O Holocausto, genocídio sofrido por 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra, e a ameaça existencial de Israel em seus primeiros anos contribuíram para a simpatia que o país angariava, então, na maior parte da comunidade internacional.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup, durante a Guerra dos Seis Dias, revelou que 55% dos britânicos torciam pela vitória de Israel, contra 2% a favor dos países árabes e 43% neutros. Editoriais pró-Israel foram publicados na imprensa internacional de prestígio, como nos britânicos The Guardian e The Economist.

Depois de 1967, com a derrota humilhante de países apoiados pela potência soviética, os ventos da opinião pública começaram a mudar, talvez endossando a frase de Golda Meir: "O mundo odeia o judeu que revida. O mundo só nos ama quando somos objeto de piedade".

Ao mesmo tempo, nos anos 1960 e 1970, o marxismo se reinventava, por assim dizer, oferecendo uma nova dicotomia, enquanto a velha luta entre proletariado e burguesia parecia caducar, ou, ao menos, já não tocar mentes e corações como antes, depois que a classe trabalhadora experimentou mais conforto e acesso ao consumo.

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Em concordância com o novo paradigma, a cineasta Agnès Varda refletiu, em 1977: "Hoje em dia, numa família, o homem é o burguêsm.pgsoft-games.com tiger, e a mulher representa o proletariado".



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