cacaniquel Moraes vota para que STF analise abrangência de anistia no caso Rubens Paiva

O ministro Alexandre de Moraescacaniquel, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou para que a corte discuta se os chamados crimes permanentes e aqueles que representam graves violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar podem ser protegidos pela Lei da Anistia.

O magistrado é relator do caso do ex-deputado Rubens Paiva na corte e, por meio dele, portanto, os ministros poderão rever a abrangência do perdão dado a militares no período.

A corte julga a partir desta sexta-feira (14) no plenário virtual se o tema tem repercussão geral, ou seja, se a decisão que for tomada no processo do deputado morto por agentes do regime de exceção valerá para todos os casos semelhantes.

Até o momento, Moraes já foi acompanhado por Luiz Fux, Flávio Dino e o presidente Luís Roberto Barroso.

Eunice Paiva, mulher de Rubens Paiva, em sua casa; à esq., um retrato de 1970 do deputado desaparecido - jogo do ceará hoje resultado Jorge Araújo - 4.set.1986/Folhapress

Segundo o pedido do Ministério Público, os crimes permanentes que não seriam atingidos pela Lei da Anistia seriam os de cárcere privado, sequestro e ocultação de cadáver.

De acordo com o relator, decisões de cortes internacionais que tratam da matéria justificam a análise da legislação brasileira.

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"Em outros países, também se verificou o debate sobre a legitimidade de norma que concedeu anistia, de modo a beneficiar não apenas os punidos pela ordem ditatorial, mas também os agentes públicos que cometeram crimes comuns, a pretexto de combater os dissidentes", afirmou.

Moraes também fez uma diferenciação entre a anistia debatida a respeito dos crimes do regime autoritário que vigorou no Brasil até 1985 e a anistia discutida atualmente, no pleito de bolsonaristas nos casos dos ataques de 8 de janeiro de 2023 —sem citar o episódio.

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"É a realidade histórico-social da migração da ditadura para a democracia política, da transição conciliada de 1979, que há de ser ponderada para que possamos discernir o significado da expressão crimes conexos na lei n. 6.683. É da anistia de então que estamos a cogitar, não da anistia tal e qual uns e outros hoje a concebem, senão qual foi na época conquistada", disse.

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Nesta semana, o Supremo também formou maioria para decidir que a corte analisará se ocultação de cadáver cometida durante a ditadura tem proteção da Lei da Anistia, seguindo o entendimento de que a prática é um crime é permanente, uma vez que fica sem solução.

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A posição foi tomada em um caso sobre a guerrilha do Araguaiacacaniquel, sob relatoria do ministro Flávio Dino.



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